No mundo do turismo, foi uma das surpresas desse inicio do ano. Na lista dos lugares imperdíveis em 2015 (52 places to go in 2015) publicada pelo New York Times, a região francesa da Borgonha apareceu em 15º lugar. Várias novidades justificaram essa escolha: candidatura do vinhedo ao patrimônio mundial da Unesco, aquisição da vinícola Clos des Lambrays pelo prestigioso grupo LVMH, ou festival de luzes em Beaune….
Fui lá em novembro passado, e concordo com o New York Times. È um destino imperdível para 2015, e eu achei ate sete boas razoes – pecados ou santas -!
1- Beber um bom Bourgogne, claro!
Por favor, anotem que quando se trata do vinho, agora tem que sempre falar “Bourgogne” e não Borgonha, isso é a nova nomenclatura oficial do orgão oficial dos vinhos, BIVB ;-).
Um bom Bourgogne não precisa ser um Romanée-Conti. Muitas denominações desconhecidas existem (mais de 80) e nada melhor que ir para lá descubrir os Savigny-les-Beaune, Rully, Irancy Givry, Bourgogne Vézelay e tantos outros.
Quando fui lá, visitei o Château de Pommard, centro enoturistico localizado em Pommard, que apresenta arte e vinho. Mesmo se fiquei cética no inicio pelo próprio nome do lugar – “Château” não é um termo da Borgonha e Pommard é uma denominação! – , achei o conceito charmoso. As exposições incluem grandes pintores e escultores tais como Picasso, Dali e a visita em francês ou inglês ao custo de 21 € são interessantes e incluem a visita do vinhedo seguida por uma degustação.
Na cidade de Chablis (vamos falar um pouquinho de vinhos brancos), o Château Long-Depaquit da maison Albert Bichot propõe degustações e vende também. Que tal um Chablis refrescante nesse verão bem quente?
2- Ver e entender o que são os “climats de Bourgogne”…
…e porque são candidatos a inscrição no patrimônio mundial da humanidade pela Unesco.
3- Admirar os Hospices de Beaune
Antigo hospital construído em 1443, onde acontece todo ano o maior leilão de vinho do mundo, o lugar é de tirar o fôlego. Confira meu post sobre o assunto aqui.

4- Provar o rei dos queijos: o Époisses
Muito forte, o cheiro pode apavorar as almas sensíveis! Mas uma vez que prova, não pode não gostar desse queijo de massa mole e crosta lavada. Com denominação de origem protegida (DOP), ele é produzido exclusivamente na Borgonha e tem o próprio nome do vilarejo. Durante o affinage (período de maturação do queijo), ele é esfregado (por isso que faz parte dos queijos “lavados”) com Marc de Bourgogne (a parte solida das uvas após a coleta e extração do suco de uva). Tem vários outros queijos lá : Plaisir au Chablis (lavado com marc de Chablis), Soumaintrain, Délice de Bourgogne, Ami du Chambertin… cada um mais gostoso que outro!
Fromagerie Soufflard
23 Rue Joubert
89000 Auxerre
T. +55 33 03 86 52 07 07
5- Saborear os “Oeufs en meurette”

Basicamente se trata de ovo poché num molho de vinho com torresmos e champignons e as vezes acompanhado de legumes.
Bistrot du Bord de l’eau, Hostellerie de Levernois
Rue Du Golf
21200 Levernois (Beaune)
Tel. : +33 (0)3 80 24 73 58
La P’tite Beursaude
55, rue Joubert
89000 Auxerre
Tel.: +33 (0)3 86 51 10 21
6- Descubrir a verdadeira mostarda de Bourgogne.
Esqueça a Dijon que pode ser produzida em qualquer lugar do mundo, agora é isso que tem que comprar. Saiba mais sobre a mostarda aqui.
7- Visitar as mais lindas igrejas e catedrais.
Berço das ordens religiosas de Cluny e de Cîteaux, a Borgonha desempenhou um grande papel no desenvolvimento da arte românica. Embora o Sul da região esteja cheio de grandes sítios como Autun, Paray le Monial, Cluny e Tournus, emblemáticos deste estilo, o norte no caminho de Paris, já com influencias góticas fortes, oferece jóias arquitetônicas medievais. É obrigatório parar em Vézelay para visitar a basílica Sainte-Marie Madeleine, lugar histórico de peregrinação e etapa do caminho de Compostela.
A basílica de Vézelay foi inscrita ao património mundial da humanidade da Unesco em 1979. Obra-prima de estilo românico, ela foi reformada a partir de 1840 pelo renomado arquiteto Viollet-le-Duc – o mesmo que reformou Notre-Dame de Paris -.
A catedral de Auxerre também vale a pena visitar para ver os seus vitrais e a majestade da construção.

Para iniciar a organização da sua viagem na Borgonha:
Bourgogne Tourisme
O problema é assassinar a sofrida lingua portuguesa para “descUbrir” a linda região de Bourgogne… podemos “descObri-la” sem sermos criminosos?
Obrigada Emerson para me fazer descubrir essa sutileza da língua portuguesa que estou tentando melhorar cada dia!